com janelas enormes por onde o Sol nunca se ponha a dormir no horizonte;
de portas bem largas e abertas escancaradas para a Lua a brilhar constante no
firmamento;
sem grades a esquartejar os ventos que passam, trazendo sementes de alegria;
com muros altos de bungavílias a enfeitar, com suas cores, os limites que só
existem nos laços que se transformam em nós cegos.
Uma casa sem medo de ser invadida.
Precisa-se de uma casa, cujas paredes sejam feitas de abraços, mistura de
cimento de carinhos e tijolos de afeição.
Uma casa com pisos de madeira perfumada, lembrando aromas de flores e campos
transformados.
Uma casa com escadas que conduzam a um sótão de sonhos armazenados.
Procura-se uma casa ampla com espaços para acomodar o desejo de viver na
tranqüilidade, no sossego.
Uma casa pintada de branco com nuances de paz e raios de luz por todos os
cantos.
É imprescindível que possua claridade transparente.
Uma casa com amores-perfeitos plantados no jardim e gerânios, ao redor dela,
acariciando as pedras dos seus alicerces.
Algumas roseiras são indispensáveis.
Além do mais, necessário é que exista um banco com nomes gravados a canivete
com juras de eternidade.
E, que junto a esse banco, haja uma árvore com galhos cheios de ninhos de
pássaros.
O entardecer requer gorjeios melodiosos e a manhã exige o despertar sonoro de
aves várias.
Procura-se uma casa que tenha, em seu interior mais secreto, uma lareira
constantemente aquecendo o inverno e, no teto, uma claraboia imensa por onde
se possa ver as estrelas nas noites de verão.
Mas só se fecha negócio se houver um quintal, nos fundos da moradia, com
tesouros escondidos de infâncias múltiplas e antigas que, ainda, ninguém
descobriu.
Precisa-se de uma casa de memórias guardadas porque é urgente desenterrar
lembranças.
O tempo passa veloz e quer levar consigo histórias para contar.
Preciso escrevê-las!